Reportagem da revista Forbes África Lusófona noticiou com grande destaque a realização do Fórum Econômico Internacional, ocorrido esta semana em Lisboa. O evento reuniu autoridades políticas, empresários, juristas e intelectuais de diversos países lusófonos e francófonos. O Dr. Eduardo Maneira foi um dos palestrantes.
No evento, promovido pelo Instituto Mundo Lusófono, os participantes debateram ideias e soluções para a retomada da economia global após a pandemia de Covid-19.
O Dr. Eduardo Maneira, sócio de Maneira Advogados e professor da UFRJ, participou dos debates e abordou a necessidade de o Brasil avançar nas discussões em torno da reforma tributária para melhorar o ambiente de negócios. A Forbes ressaltou que em sua participação, Maneira destacou a importância de se fortalecer a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para que se criem oportunidades para todas as economias dos países lusófonos.
Países lusófonos apresentam soluções para a retoma económica
18 Maio, 2022 15:34, Dírcia Lopes
O fórum “Depois da Covid e a situação trágica na Ucrânia: Que retoma económica?”, promovido pelo Instituto do Mundo Lusófono, deixou pistas para uma nova cooperação entre os falantes de português.
Uma plateia de embaixadores, empresários, governantes lusófonos e francófonos esteve reunida no âmbito do Fórum Económico Internacional, promovido pelo Instituto Mundo Lusófono, para debater ideias e soluções para responder à pergunta-chapéu que serviu de mote ao evento: “Depois da Covid-19 e a situação trágica na Ucrânia: que retoma económica?”.
Durante o Fórum, que decorreu no Centro Cultural de Belém, participantes de Angola, França, Brasil, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e Moçambique procuraram definir uma estratégia comum aos desafios do futuro que dizem respeito ao universo lusófono e francófono, assim como ao resto do mundo.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, fez a abertura do Fórum onde deixou o repto de colocar a capital lisboeta “não como o canto da Europa, mas como a abertura da Europa para todos os mundos”.
Por seu turno, a presidente do Instituto Mundo Lusófono, Isabelle de Oliveira – que organizou o evento –, sublinhou que o Fórum fez por ser “um espaço privilegiado de diálogo e partilha de ideias”, tendo como base de sustentação a solidariedade, para enfrentar os novos desafios e “criar projectos nobres a partir da sociedade civil”.
A moderar um dos painéis esteve a antiga ministra da Saúde e para a Igualdade portuguesa, Maria de Belém Roseira, que destacou a importância e necessidade de os países da lusofonia desenharem uma estratégia comum. Isto porque, nas suas palavras, “o mal dos outros é o nosso mal também”. Maria de Belém defendeu que é importante instituir entre os países que falam a língua portuguesa uma “cooperação esclarecida, que não é a cooperação do antigamente”. Esta meta exige objectivos também eles muito esclarecidos, sugeriu a ex-governante.
Durante a sua intervenção, o professor brasileiro de Direito Tributário na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Eduardo Maneira, salientou a importância de se fortalecer a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para que se criem oportunidades para todas as economias dos países lusófonos, além de detalhar que as novas tecnologias podem ser transformadoras e uma oportunidade de negócio “para todos os países irmãos”.
Face à eventual escassez de alimentos que o mundo poderá enfrentar, devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o secretário de Estado para a Agricultura e Pecuária de Angola, João Manuel Bartolomeu da Cunha, destacou as potencialidades que este sector já representa no seu país. O governante referiu que o sector da agricultura e pecuária é um dos mais importantes, ainda que o petróleo seja o principal produto exportado. Mas com a decisão governamental “de paulatinamente livrar-se do petróleo”, a agro-pecuária irá ganhar mais destaque.
João Manuel Bartolomeu da Cunha lembrou que o país dispõe de 35 milhões de hectares disponíveis, mas apenas 15% estão a ser utilizados, o que pressupõe uma margem grande de progressão. De entre as potencialidades do mercado angolano sublinhou ainda o facto de deter a segunda maior reserva de água, contar com infra-estruturas ferroviárias, aeroportuárias, portuárias, sem esquecer a disponibilidade de recursos para impulsionar as energias renováveis.
O governante angolano não tem dúvidas que é possível transformar estas “potencialidades em reais oportunidades de negócio”, havendo espaço para servir não só o mercado da África Austral.
Por seu turno, o ex-ministro Adjunto do Primeiro-Ministro e ex-Governador do Banco Nacional de Angola, Aguinaldo Jaime, lembrou que a África Subsaariana foi das mais duramente atingidas pelos efeitos da Covid-19, o que deitou por terra as promissoras previsões de crescimento económico.
Aguinaldo Jaime salientou que a juntar aos efeitos penalizadores da crise sanitária, os países enfrentam agora as consequências do conflito da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Por isso, face à escalada do preço dos alimentos, da energia, das taxas de cambio é preciso, nas suas palavras, encontrar um equilíbrio entre inflação e crescimento económico. “Tem de haver uma sintonia entre política orçamental e politica monetária”, alertou o antigo governante angolano.
O embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa, Tito Mba Ada, aproveitou a sua intervenção para reivindicar que o seu país é membro de pleno direito e natural do mundo lusófono. E lembrou alguns factos históricos que no seu entender provam esta ligação, reforçada com a integração em 2014 da Guiné Equatorial na CPLP.
Tito Mba Ada garantiu ainda que o país “pode oferecer oportunidades para a retoma da economia”. Mesmo sendo pequeno, o diplomata referiu que o país conta com “uma grande extensão marítima, solos, estabilidade política, ratificou o Acordo de Livre Comércio de África”, pelo que está preparado para receber investimento.
No encerramento deste Fórum houve lugar para a entrega de troféus aos embaixadores do Instituto Mundo Lusófono: Daniel Alves, jogador do FC Barcelona, a socióloga Abouessalam Morin e a fundadora do Rock in Rio, Maria Alice Medina. O empresário madeirense Luís de Sousa, CEO da ACIN, recebeu o prémio de Empresário do Ano do Fórum Económico Internacional.
https://www.forbesafricalusofona.com/paises-lusofonos-apresentam-solucoes-para-a-retoma-economica/