Representantes dos setores privados manifestam preocupação com reforma tributária

Supermercados e agro criticam aumento de impostos sobre proteína animal

Taísa Medeiros da CNN

Brasília

Após o grupo de trabalho que discute a regulamentação da reforma tributária na Câmara dos Deputados apresentar sugestões ao projeto enviado pelo governo, a reação expressa por parte dos setores foi de preocupação. O texto final foi apresentado nesta quinta-feira (4).

Do lado da discussão sobre desonerar ou não a proteína animal na cesta básica está o setor de supermercados, que alega que a alíquota reduzida em 60%, como ficou no texto apresentado pelos parlamentares acabará encarecendo esses alimentos.

“O que acabou sendo proposto hoje é um aumento claro de impostos sobre a proteína. É por isso que fizemos uma reforma? Para aumentar os impostos para a população brasileira? Não faz nenhum sentido. O discurso é esse, de que se colocar as proteínas vai aumentar [o valor] da carne. Não há esse aumento, não há esses impostos como está hoje”, argumenta João Galassi, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Para o advogado Eduardo Lourenço, que representa o setor agropecuário, a conta ficará mais alta para o consumidor brasileiro.

“Hoje temos uma tributação reduzida de alguns itens, que com a reforma tributária, ficando com a redução de 60%, ficando com uma alíquota perto de 11%, vai aumentar muito o custo das carnes, das proteínas animais”, exemplifica.

Lourenço julga que onerar outros itens para compensar a alíquota zero para a proteína animal é uma conta “boa e justa”. Para ele, a negociação continua. “Até porque senão a gente vai exportar carne com alíquota zero, com imunidade, mas o brasileiro quando vai consumir aqui, vai pagar 11%”.

IMPOSTO SELETIVO

Entre as alterações realizadas pelos deputados está a inclusão de apostas esportivas online, as chamadas bets, e carros elétricos na lista de itens taxados pelo Imposto Seletivo (IS).

Também conhecido como “imposto do pecado”, o IS será aplicado sobre produtos considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente e a alíquota ainda será definida.

No âmbito das apostas esportivas, os fantasy sports foram incluídos. Trata-se de esportes online (e-sports), em que o jogador atua como se fosse o treinador de um time, escalando os jogadores que irão disputar a partida.

Uma taxa é cobrada do participante para ingressar na competição, assim como ao final há um prêmio. O setor defende a diferenciação em relação às bets.

“A reforma preocupa o setor justamente por essa confusão de conceitos. Está havendo uma indevida comparação do fantasy com as apostas esportivas. Acho que essa confusão é que gerou essa sobretaxação ao setor que pode ser fulminante para a atividade. Fomos pegos de surpresa”, diz Rafael Marcondes, presidente da Associação Brasileira de Fantasy Sports.

“Foram várias conversas, principalmente com a Fazenda e parecia que esse problema estava sanado. Além de permanecer equiparado a uma aposta esportiva, a atividade do fantasy ainda foi onerada no Imposto Seletivo, como se causasse impactos para saúde e meio ambiente, o que não faz o menor sentido”, argumenta.

Também incluída na taxação extra do Imposto Seletivo está a extração mineral. A mudança desagradou o setor, que expressou preocupação com a competitividade do Brasil na exportação de petróleo.

“O impacto vai ser mais forte para a percepção que o investidor vai ter do país, o ambiente de negócios. Ou seja, o que a gente verifica é a complexidade com a criação de um novo tributo e a falta de segurança jurídica em relação ao sistema fiscal brasileiro. Vamos sugerir pelo menos a não incidência nas exportações para o novo relatório”, adianta Daniel Antunes, gerente-executivo de Relações Governamentais do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

TRAMITAÇÃO

Membros do grupo de trabalho adiantaram à reportagem que um novo relatório deve ser apresentado na semana que vem, com a votação da urgência na próxima terça-feira (9).

A expectativa adiantada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) se mantém: de que a votação ocorra ainda antes do recesso parlamentar, que se inicia em 18 de julho.

Porém, na avaliação dos parlamentares ouvidos, caso não seja incluída a desoneração da proteína animal no texto, dificilmente será aprovado na Câmara.

Ao mesmo tempo, a negociação precisará ser feita lado a lado com a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que possui amplo número de votos, necessário para que o relatório como um todo seja aprovado.

O deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e membro do GT fez críticas ao texto que havia sido enviado pelo governo ao Congresso.

“O imposto seletivo não pode ser um imposto arrecadatório. Mas quando se fala que é um imposto para inibir consumo. Como eu posso inibir a arrecadação, por exemplo? Para mim não é uma conta lógica. Por que você taxa o refrigerante e não taxa bebidas açucaradas? Porque o refrigerante vende muito. Isso mostra que o governo está usando como imposto arrecadatório”, argumentou.

Ele defende que se encontre o “meio do caminho” para avançar a regulamentação.

“Todo mundo quer ver, nesse momento, o seu setor beneficiado. Mas nós temos que pensar que é uma mudança de mentalidade. Todos precisam ficar em atenção, até os setores que foram contemplados. Não pode dormir, porque o texto ainda pode mudar”, alertou.

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/representantes-dos-setores-privados-manifestam-preocupacao-com-reforma-tributaria/

Senadores pedem isenção de castanhas, açaí, pamonha e bacalhau na cesta básica da reforma tributária 13 de novembro, 2024 Sugestões dos parlamentares dobrariam lista de alimentos sem imposto, passando de 26 para ao menos 52 itens  Vinícius Barboza São Paulo Os senadores...
Novo desafio no âmbito da litigiosidade repetitiva: abuso do direito de demandar Eduardo Maneira Michel Hernane Noronha Pires Três fases do acesso à Justiça Na segunda metade do século 20, uma preocupação dos juristas era a falta de acesso à Justiça, pois uma considerável...
Jurisdição internacional e justiça social: o acidente de Mariana e seus desdobramentos Eduardo Maneira Pedro Henrique Garzon Ribas O dia 25 de outubro de 2024 entrará para a história do Brasil e de Minas Gerais. Após decorridos quase dez anos do rompimento...

Contato

Fale conosco

Preencha o formulário para falar com nossa equipe ou ligue, agora mesmo, para o escritório mais próximo!

Cidades

Caminho 1527(1)-svg

Rio de janeiro

Av. Presidente Wilson, 231 25° andar
Centro

(21) 2222-9008

Caminho 1527(1)-svg

São Paulo

Rua Oscar Freire, 379, 13º andar
Jd. Paulista

(11) 3062-2607

Caminho 1527(1)-svg

Brasília

SHIS QL 08, Conjunto 01, Casa 11
Lago Sul

(61) 3224-2627

Caminho 1527(1)-svg

Belo Horizonte

Av. Getúlio Vargas, 671, 13º andar
Funcionários

(31) 3190-0480