Reportagem do jornal Extra trouxe dicas de como se prevenir de golpes de falsos anúncios de emprego que circulam em grupos de mensagens, como no WhatsApp. O Dr. Matheus Puppe, sócio da área de TMT (Tecnologia, Mídia, Entretenimento e Telecomunicações), Privacidade & Proteção de Dados do Maneira Advogados, foi entrevistado para falar sobre o assunto.
Golpe do emprego com promessa de altos ganhos: como se prevenir de falsos anúncios no WhatsApp
Em época de fim de ano, crescem os golpes envolvendo vagas de meio período Foto: Agência O Globo
Ana Flávia Pilar
Final de ano é época de mais oportunidades. Empregos temporários e vagas de meio expediente para o Natal são marcas registradas de todo o mês de dezembro. Mas, com a chegada das festividades, também surgem inúmeros golpes diferentes envolvendo chances de trabalho.
O sonoplasta e editor de áudio Jocka Magalhães, de 52 anos, costuma receber mensagens no WhatsApp com supostas vagas abertas ao menos duas vezes na semana:
— Toda vez que pedem para entrar em algum link e anexar o currículo, sei que é furada. Para empregos reais, costumam mandar e-mail ou ligar diretamente. Eu não sei se aumenta no final do ano, porque recebo mensagens com propostas assim o ano inteiro — contou.
Ele também relata que alguns dos “recrutadores” pedem respostas imediatas pelo WhatsApp, mas sempre retornam com textos automáticos. Um golpe bem comum, segundo o sonoplasta, é o chamado “máquina do Pix”, em que a pessoa investe uma quantia de dinheiro e, em tese, recebe bem mais. Na verdade, trata-se de uma pirâmide financeira.
Não é da competência da Justiça do Trabalho
Segundo o advogado trabalhista Vinícius Colombrini, não há competência da Justiça do Trabalho em situações envolvendo golpes de vagas de emprego, porque seria necessária a relação de trabalho, o que não existe neste caso.
— As vítimas precisam estar alertas para vagas que não oferecem proporcionalidade entre força de trabalho e ganho oferecido, além das questões de pagamento de exame admissional ou algo do gênero — explicou.
Neste caso, o assunto invade a esfera criminal, como estelionato, e está relacionada ao direito digital, em função da vaga ser oferecida pela internet. Além disso, pode haver enquadramento civil, com indenização pelo infortúnio.
Para orientar os leitores a evitar esse tipo de golpe, o EXTRA conversou com o advogado Matheus Puppe, sócio da área de TMT (Tecnologia, Mídia, Entretenimento e Telecomunicações), Privacidade e Proteção de Dados do Maneira Advogados.
CONFIRA AS DICAS:
1. Quais os padrões de mensagens envolvendo golpes do gênero?
Normalmente, esses golpes são anunciados em meio físico, plataformas de anúncio ou mesmo enviados por WhatsApp ou mensagem (e-mail ou SMS). As listas para os golpistas são compradas ilicitamente na internet e são oriundas de robôs “crawlers”, que pegam as informações disponíveis no Google, também violando a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
2. Como o consumidor pode identificar a veracidade dos anúncios?
Sempre tenha suspeita de promessas milagrosas e valores desproporcionais ao mercado. Trabalhos pagando mil reais ou R$ 2 mil por hora ou período trabalhado dificilmente apareceriam por mensagem. Além disso, as mensagens deixam rastros digitais, como números de origem estranhos e erros de ortografia e formatação, dentre outros problemas.
É preciso ter bom senso e saber fazer a checagem de conteúdo. Recebeu uma oferta? Busque no Google mais informações sobre a empresa ou sobre a vaga. As oportunidades legítimas normalmente estarão disponíveis em outros canais. Pegar o telefone da empresa em outro canal e ligar para verificar se a chance de emprego existe também funciona.
3. Quais os riscos?
Além dos riscos de golpes financeiros e do uso de seus dados de maneira indevida para transações irregulares, existem ofertas que são verídicas, mas não legítimas.
Nestes casos, a pessoa pode se envolver em esquemas ilícitos (como as promessas de “empregos” para receber Pix de terceiros em sua conta, muitas vezes oriundos de outros crimes onde a pessoa se torna um laranja e logo comete também um delito).
4. O que pode acontecer com quem se “inscrever”? A época de fim de ano representa um risco adicional?
A pessoa poderá ter redes sociais invadidas, telefone ou WhatsApp clonados, ou se envolver inadvertidamente em um crime, gerando diversos transtornos financeiros ou mesmo criminais.
Fim de ano é a época preferida dos golpistas, dado ao volume maior de dinheiro que circula (por causa dos 13º salário), além de expectativas de vagas temporárias.
Tenha cuidado porque o telefone e os aplicativos de mensagem, além dos e-mails e das outras formas digitais, abriram um novo mundo de oportunidades para golpes e esquemas ilícitos.